dw-world.de, 28.08.2008, http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3599478,00.html
Internationale Politik DW-WORLD.DE Interview portuguese for brazil
DW-WORLD.DE: Apesar de todas as advertências ocidentais, a Rússia reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia. Existe a ameaça de uma nova Guerra Fria?
Egon Bahr: Não, também não aconteceu nenhuma quando o Kosovo se declarou independente. O cerne da ordem internacional consiste em que nenhum Estado ou grupo de Estados pode dividir um país reconhecido internacionalmente, como foi antes o caso da Sérvia e agora da Geórgia.
O Kosovo foi reconhecido por cerca de 40 Estados, faltam ainda 160. O reconhecimento da Abkházia e da Ossétia do Sul deve ser feito por um número menor de países. Em princípio, um novo Estado só pode se tornar independente se ele for reconhecido pelas Nações Unidas.
DW-WORLD.DE: O governo russo parece apostar que a irritação no Ocidente sobre seu procedimento na Geórgia não irá se confirmar. O que o Ocidente deveria fazer na atual situação?
Egon Bahr: Em primeiro lugar, o Ocidente não deveria reagir irritadamente, mas de forma a preservar e representar seus valores fundamentais. Isto significa que tratados devem ser cumpridos; isto significa renúncia à força. Relaxamento da tensão e cooperação em vez de confrontação. Em segundo lugar, a cooperação com a Rússia deve ser cultivada. Sem o apoio russo, não podemos levar nenhum abastecimento para o Afeganistão. Por falar nisto, isto também vale para os americanos.
DW-WORLD.DE: Os EUA se colocaram do lado da Geórgia…
Egon Bahr: Eu suponho que, no mais tardar após as eleições nos EUA, a situação deverá se acalmar – não importa quem seja eleito presidente. Toda administração nova tem primeiro que se familiarizar com a situação. Até meados do próximo ano, poderemos ver de que forma o tema da Abkházia e da Ossétia do Sul será administrado.
DW-WORLD.DE: O procedimento russo na Geórgia é comparado, freqüentemente, com a invasão soviética em Praga em 1968. O presidente da Geórgia,Mikhail Saakashvili, fala até mesmo da primeira anexação na Europa desde Hitler e Stálin. O senhor concorda com tais comparações?
Egon Bahr: Considero tais comparações simplesmente ilegítimas e tolas. Com toda modéstia: durante a invasão da União Soviética na antiga Tchecoslováquia não reagimos no Ocidente de forma tão tola e irritada como é o caso agora. Pelo contrário, dissemos que continuaríamos a política de aproximação. Dois anos mais tarde, tínhamos o Tratado de Moscou.
Desde então, não se viu rolar mais nenhum tanque soviético – pelo menos para além das antigas fronteiras soviéticas, ou sejam, das fronteiras russas.
DW-WORLD.DE: O senhor vê ameaçada esta aproximação pela qual o senhor trabalhou?
Egon Bahr: Sim, através dos acordos assinados separadamente entre os EUA, a Polônia e a República Tcheca para o estabelecimento de um sistema de mísseis americanos na fronteira oriental da Otan. Isto atinge não somente estes países, mas todos nós. Pois disso depende a validade completa do Tratado de Forças Armadas Convencionais na Europa (Face).
Este tratado nos trouxe a maior redução de forças armadas convencionais na história da humanidade. Por 18 anos, ele foi base da estabilidade na Europa. E esta estabilidade está ameaçada porque o Ocidente até agora não ratificou a adaptação do tratado.
DW-WORLD.DE: Pelo fato de a Rússia não querer retirar seus soldados da Geórgia?
Egon Bahr: Não importa o resultado das negociações sobre o status da Abkházia e da Ossétia do Sul, o mundo irá reconhecê-lo. Desta forma, não existe agora mais nenhum empecilho para que o Face não seja, finalmente, ratificado.
Autor: Dirk Eckert
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